Não é pecado sentir prazer
Acredito que o cinto de castidade seja um dos símbolos mais
fortes e violentos de repressão sexual e do prazer.
Um acessório projetado para envolver os órgãos genitais e
trancado por cadeado, impingindo dor física, psicológica e
emocional.
O espírito se manifesta na vida terrena e interage por meio
de duas sensações básicas: dor e prazer.
Duas forças primárias e muito próximas.
O prazer é a sensação de satisfação, de bem-estar, alívio e
relaxamento. O resultado de uma tensão que é
descarregada.
A dor é todo estresse físico e psicológico
representando uma tensão. Uma força, uma energia
condensada que precisa fluir no prazer.
Um elástico tensionado ao seu limite, que solto libera uma
grande carga de energia, de prazer.
Este é o princípio da dor e do prazer.
Duas forças opostas e complementares, o yin e o yang.
Porém, para sentir prazer, é necessário se libertar das
amarras de crenças que reprimem e deturpam a natureza
humana. Nascemos e crescemos envoltos pelo preconceito e
pela culpa que condena o prazer como pecado.
Desde muito tempo, de outras vidas,
trazemos no espírito a crença de que o prazer é vergonhoso.
Punindo e condenando a viver nos porões do sofrimento e da
dor como forma de pagamento pelo pecado cometido.
Neste momento, quero trazer para você um entendimento
diferente sobre o prazer, que desconstrói a velha e
ultrapassada conceituação sobre o assunto.
Precisamos assumir a energia animalizada, tanto quanto a
energia da espiritualidade sagrada, que caminham juntas.
Quando reprimimos o prazer, estagnamos a energia que
deveria fluir com a vida.
O prazer é saudável e não deve ser confundido com a
compulsão, que é um desejo insaciável, sem fim e que
ocorre quando o prazer não flui naturalmente.
A compulsão por comida, bebida, drogas, sexo, consumismo
, jogos e outros vícios tem como impulso a energia reprimida
e a falta de prazer. Uma doença que é nutrida pela
sensação de dor constante e interminável, de um desejo que
não é realizado, uma tensão que não é descarregada.
Quantas pessoas se acostumam a viver na dor e até
consideram “normal”? O sofrimento passa a ser o único
contato que se tem com a vida, preenchendo o vazio de
prazer. A dor pode ser física, psicológica, emocional e o
prazer também. A partir de uma ou de outra sensação, o
espírito interpreta a vida e suas relações.
Há pessoas que se apegam a qualquer tipo de relação
abusiva e permissiva.
Mesmo que a dor seja o único elo de união, elas preferem
continuar desta forma a ter que enfrentar o medo
consequente da falta de amor.
São espíritos que se desconectaram da presença amorosa e
evitam a solidão a qualquer preço.
A evolução pelo amor ou pela dor reserva ao espírito a
oportunidade de aprendizado pelos caminhos da dualidade.
Não colocando o amor como sinônimo de prazer e sim
expondo que o prazer é fruto do amor. Quando amo eu sinto
prazer, não há dor no amor. Até a dor física a qual estamos
sujeitos, tem outra conotação quando envolvida pelo
sentimento de amor.
A energia do prazer se armazena e flui no segundo chacra
Swadhistana. Centro das forças criativas, da energia sexual
e das sensações. Quando saudável, este chacra proporciona
a naturalidade das relações e a vida flui através de seu corpo
e de sua alma.
A energia sagrada da cocriação da vida e
da união no ato sexual.
Em desarmonia, a negação e recalque da sexualidade
provocam a sua manifestação de forma inconveniente, por
fantasias exageradas, masoquismo, sadismo, sensualidade
grosseira e egoísta ou a falta de desejo sexual.
Segundo Wilhelm Reich, como expressão máxima do prazer
somático, a energia sexual é gerada no corpo e necessita ser
liberada através da convulsão orgástica que envolve todo o
organismo. Se inibida produz um represamento e as
neuroses. A incapacidade de sentir prazer, de se entregar,
de criar e também de um equilíbrio energético.
A falta de expressão e prazer cria couraças, as armaduras
bioenergéticas.
Sentir prazer é essencial para uma vida saudável e mais
ainda, é um impulso para a cura.
O prazer é um estado de contemplação, de meditação no
aqui e agora.
Sentimo-nos partes da vida, compartilhamos com ela.
E nesse exato momento nos tornamos Um com o Todo,
entrando imediatamente em comunhão com Deus e com a
harmonia que dele demanda. Dessa experiência prazerosa a
cura é acionada, a energia que se estagnou nos corpos
físico e sutis volta a fluir com a vida.
Apartamo-nos da dor do egoísmo e viajamos nas asas do
prazer.
Liberte-se, deixe que a energia do prazer possa fluir em sua
vida. Permita-se sentir seu corpo e sua alma dançarem como
Shiva Nataraj, representando o ciclo de morte e
renascimento, de dor e prazer, criando e renovando.
Seja Amor!